MUSEU / IGREJA

O Museu de São Roque foi um dos primeiros museus de arte a serem criados em Portugal.

Abriu ao público em 11 de janeiro de 1905, com a designação de Museu do Thesouro da Capela de São João Baptista, em evocação da importante coleção de arte italiana que esteve na origem da sua criação.

Ocupa a área central do edifício da antiga casa professa da Companhia de Jesus, espaço residencial contíguo a uma das mais importantes obras de arquitetura religiosa portuguesa e uma das três mais antigas igrejas da Companhia de Jesus em Portugal: a Igreja de São Roque, inaugurada em 1573. Trata-se de um monumento classificado como património nacional, que mantém a sua integridade no que respeita ao traçado arquitetónico, património integrado e móvel.

Em 1768, após a expulsão dos jesuítas de Portugal, a Igreja e a antiga Casa Professa de São Roque foram doadas com todos os seus bens à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que os preservou até ao presente.

O conjunto reúne um acervo que se destaca pela qualidade e diversidade das suas coleções artísticas, oferecendo aos visitantes uma incursão pelos mais importantes momentos da história e da história da arte portuguesas.

o que pode ver nesta página

edifício e organização do museu

O circuito expositivo está organizado em cinco núcleos, relacionados com a história e vida do local e da antiga Casa Professa.

vista aérea do complexo de são roque

Núcleo 1. Ermida de São Roque

Dedicado à ermida de São Roque, entretanto demolida para dar lugar à Igreja de São Roque, aqui se encontram expostos alguns testemunhos artísticos dali provenientes, como o conjunto de tábuas pintadas a óleo com o ciclo de vida deste santo, que integrava o respetivo retábulo.

Núcleo 2. Companhia de Jesus

Dedicado à implantação da Companhia de Jesus em Portugal, em 1540, e ao programa de renovação estética que as novas regras da liturgia contrarreformista impunham.

Núcleo 3. Arte Asiática

Reúne um conjunto de objetos provenientes do Próximo Oriente, da Índia, da China e do Japão produzidos para comércio e exportação. Este acervo reflete o encontro de culturas, no âmbito da expansão portuguesa e da ação missionária da Companhia de Jesus na Ásia, durante o período Moderno, ao abrigo do Padroado Português do Oriente.

Núcleo 4. Capela de São João Baptista

Contempla um notável conjunto de obras italianas setecentistas de ourivesaria, paramentos e livros destinados às práticas litúrgicas celebradas na referida capela, situada do lado esquerdo da Igreja de São Roque.

Núcleo 5. Misericórdia de Lisboa

Pretende dar a conhecer a história da instituição, fundada em 1498 com a finalidade de atenuar os graves problemas de assistência e saúde existentes em Lisboa.

a igreja

A Igreja de São Roque é composta por uma só nave, uma capela-mor pouco profunda e oito capelas laterais, sendo este modelo tradicionalmente designado por “igreja-salão”.

Na parte superior, um conjunto de pinturas de grandes dimensões, representa episódios da vida de Santo Inácio de Loyola, o fundador da Companhia de Jesus, obra do pintor Domingos da Cunha, “o Cabrinha”. 

De grande simplicidade arquitetónica, este templo grandioso foi construído em concordância com as recomendações litúrgicas do Concílio de Trento (1545-1563), sendo representativo do processo de renovação da fé católica pós-tridentina.

sacristia

sacristia da igreja de são roque
lateral da sacristia da igreja de são roque
sacristia da igreja de são roque

Construída no início do século XVII, apresenta-se revestida por três ciclos de pintura a óleo sobre tela:

O primeiro, ao nível do espaldar dos arcazes, foi executado por André Reinoso (c. 1590-pós 1650), em 1619, e representa episódios da vida de São Francisco Xavier, incluindo alguns milagres realizados pelo jesuíta no decurso das suas viagens missionárias na Ásia.

O segundo, atribuído a André Gonçalves (1685-1754) e pintado no século XVIII, inclui quadros dedicados à “Paixão de Cristo”, intercalados por quadros alegóricos com frases bíblicas.

O terceiro e último registo exibe pinturas da “Vida de Santo Inácio de Loyola”, o fundador da Companhia de Jesus, atribuídas ao pintor Domingos da Cunha, “o Cabrinha” (c. 1598-1644).

órgão

orgão da igreja de são roque
orgão da igreja de são roque

Construído em 1784, foi um dos primeiros instrumentos a sair da oficina do famoso organeiro, António Xavier Machado e Cerveira (1756-1828). Originalmente situava-se na igreja do Convento de São Pedro de Alcântara, tendo sido transferido para o coro-alto da Igreja de São Roque, em 1844.

teto

teto da igreja de são roque

O único exemplar lisboeta que resta dos grandes tetos pintados no período maneirista executado, entre 1587 e 1589, pelo pintor régio Francisco Venegas.

Recorrendo à técnica do trompe-l’oeil, apresenta três cúpulas perspetivadas, separadas por arcos abatidos, com pintura de grotescos, a cuja composição o pintor Amaro do Vale introduziu, no início do século XVII, o grande medalhão central, representando a “Exaltação da Santa Cruz”, e as quatro refeições místicas de Cristo nas faixas laterais do teto.